Roteiro pela Chapada Diamantina: Poço Encantado e Poço Azul

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Viajadora: Chapada Diamantina: Poço Encantado e Poço Azu

Lembra de uma foto da Chapada Diamantina que você viu em algum lugar, que tinha umas pessoas mergulhando em um lago muito azul dentro de uma caverna enorme? Pois é, todo mundo que já leu sobre a Chapada provavelmente viu uma dessas fotos, porque o Poço Azul é um dos principais atrativos turísticos da região. Justamente por isso, não podia ficar de fora do nosso roteiro vapt-vupt por lá.

O ideal é tirar um dia para visitar, com calma, o Poço Encantado e, em seguida, o Poço Azul. Eles ficam a cerca de uma hora de distância um do outro e são bem fáceis de chegar de carro e sem guia, embora muitas agências de lá vendam o passeio guiado para esses lugares.

Chapada Diamantina: Poço Encantado

Chegamos ao Poço Encantado, no município de Itaetê, depois de dirigir cerca de 1h30 desde o povoado do Baixão, onde estávamos hospedados. A estrada é relativamente bem sinalizada e por isso não é difícil encontrar o ponto de entrada na caverna, onde existe um restaurante. É lá mesmo que se paga a taxa de visitação (R$20), que dá direito ao capacete com lanterna e à visita com o guia local. A descida até o poço é feita em grupos guiados de 25 pessoas e dura cerca de meia hora, por isso é preciso ter paciência e esperar a vez e o grupo todo se formar e se aprontar.

Para chegar até o poço, é preciso descer 220 metros de escadas e, depois, fazer uma mini trilha por dentro da caverna, onde a única iluminação é a das lanternas de cabeça e existem cordas para ajudar no trajeto de descida. A sensação de chegar na caverna de quase 100 metros de comprimento e 50 de largura é incrível, como se a gente tivesse parado no tempo em um mundo subterrâneo onde o silêncio é absoluto e a umidade gruda na pele. É como se não existisse nada lá fora e estivéssemos em um universo paralelo, onde tudo está ali, do mesmo jeito, há milhares e milhares de anos, desde quando todos nós éramos só poeira de estrelas. Adoro essa sensação.

entrada poço encantado chapada diamantina
O fim da escadaria que leva até a entrada da caverna

Não é permitido entrar na água do Poço Encantado porque ela não é corrente, então a oleosidade e todo o movimento das pessoas deixaria a água turva e acabaria com toda a graça. O guia leva a gente até um ponto mais amplo na caverna onde é possível sentar e apreciar a vista do poço muito azul e muito transparente, enquanto ele conta mais detalhes sobre a formação e história da caverna. Acredita que até os anos 1990 era permitido mergulhar na água lá? Devia ser uma loucura! Eu queria muito ter prestado mais atenção nas explicações do guia, mas me distraí completamente imaginando monstros e criaturas escondidas nos 60 metros de profundidade do lago de águas ricas em calcário.

poço encantado chapada diamantina
Muito muito azul e transparente
poço encantado chapada diamantina thaís mariana viajadora
ah, que touquinha mais lyndra! hahaha

Poço Azul

Depois de cerca de 50 minutos de carro desde o Poço Encantado, chegamos no município de Nova Redenção e estacionamos às margens do Rio Paraguassú, que a gente cruza de barco a remo pagando R$ 2 por pessoa. De lá, o poço fica a uns dez minutos de caminhada do rio e funciona no mesmo esquema do outro: você paga R$ 15 e desce com um grupo guiado. Mas a parte mais legal é que você recebe um colete salva-vidas e um snorkel e pode mergulhar por meia hora, porque a água lá é corrente e, por isso, não corre o risco de ficar turva como o outro poço.

atravessando rio entre poço encantado e poço azul chapada diamantina
O rio que é preciso cruzar para chegar ao Poço Azul

Com 20 metros de largura, 40 de extensão e até 61 de profundidade, o lago do Poço Azul tem uma história curiosa. Dizem que ele foi descoberto em 1940 por um menino que, ao ver uma fenda numa rocha durante uma caçada, achou que se tratava da toca de uma onça. Mais tarde, voltou com os amigos, desceu pelo buraco com uma corda e deu de cara com um poço cheio de areia. Jogou uma pedra no buraco e se surpreendeu ao ver que aquilo era só uma nata de calcário que tapava um poço intensamente azul. Agora imagina, descobrir um troço desses por acidente? É ruim que eu ia contar pra alguém, hein!

A gruta foi tombada pelo Ibama e, em 2005, uma expedição com exploradores de todo o mundo encontrou ossadas de 48 espécies dentro do lago: de preguiça gigante, mamute, hipopótamo, tigre dente de sabre e até duas ossadas humanas de 6 mil anos atrás. Por isso, quando você mergulha na água, pode ficar imaginando onde estavam as ossadas e como todos esses bichos foram parar ali. A visibilidade é extremamente alta (dá para ver até lá no fundo), a água é completamente parada e o silêncio é total. Um mergulho e tanto, pena que o tempo é restrito a 30 minutos, mas dá para aproveitar muito!

poço azul chapada diamantina
Parece de mentira, de tão lindo
poço azul chapada diamantina
Dá para ver tu-do quando a gente mergulha lá!
mariana thaís viajadora poço azul chapada diamantina
Felizes da vida
Embaixo d'água poço azul viajadora chapada diamantina
Embaixo d’água
poço azul chapada diamantina thaís e mariana viajadora
Voando na água super azul

Onde almoçar depois de toda essa atividade

Se você seguir nosso conselho de ir primeiro no poço Encantado e depois no Poço Azul e for esfomeado que nem a gente, vai estar morrendo de fome ao final do mergulho. E é aí que entra uma dica importante: logo na entrada do poço, no lugar onde a gente pega o material para o mergulho, existe um restaurante de comida a quilo servindo almoço. Então…NÃO COMA LÁ! A comida é sem graça e nem vale a pena pelo preço. A dica é caminhar por três minutos até o ponto onde se paga a entrada e almoçar numa casinha verde ali perto (você vai ver quando passar por ela, o nome é “APA”). É um restaurante muito, muito simples e a gente não dá nada quando olha para ele. Mas decidimos dar uma chance para o almoço lá e ele estava quase inacreditável de tão gostoso! Só R$15 para comer o quanto quiser de comida caseira tradicional deliciosa da Chapada, e R$3 para um copo de suco enorme feito na hora. Só de lembrar fico com água na boca! Segue essa dica e depois conta pra gente se gostou, certeza de que você vai amar.

Chapada Diamantina: quando ir?

No outono e no inverno os raios solares penetram nas cavernas do Poço Azul e Poço Encantado, deixando a cor da água ainda mais clara e impressionante. O raio incide no Poço Azul até o dia 20 de outubro, das 12h30 até as 14h30, e no Poço Encantado, até 10 de setembro, das 10h às 13h30.

Já entre os meses de novembro a janeiro, a luz solar não incide diretamente na água, mas, em compensação, a iluminação é maior e dura mais tempo, das 10h às 16h. E a água fica mais azul e ainda mais transparente, conforme os guias explicaram. Nós fomos no início de fevereiro e achamos tudo ótimo, principalmente por ser fora de época e não estar tudo tão cheio.

Sobre a temperatura da água do Poço Azul, não precisa haver preocupação: a temperatura média é de 24°C o ano inteiro e, como ambos os poços ficam em regiões semiáridas, faz sol e calor o ano inteiro.

Onde fica

Poço Encantado

Município de Itaetê, a 47km de distância de Mucugê, 45km de distância de Andaraí e 86km de distância de Lençóis, principal cidade da Chapada Diamantina.

Poço Azul

Município de Nova Redenção, a 64km de distância de Mucugê, 46km de distância de Andaraí e 86km de distância de Lençóis.

Média de despesas no dia:

Entrada no Poço Encantado: R$ 20

Entrada no Poço Azul: R$ 15

Barco para chegar no Poço Azul: R$ 2 (R$ 4, ida e volta)

Almoço no restaurante caseiro do Poço Azul: R$ 18 (almoço + suco)

Diária por pessoa no quarto quádruplo da pousada Flor de Açucena, em Xique-xique de Igatu – R$ 55,00

obs: Rodamos a Chapada Diamantina com o carro 1.6 que alugamos lá e, durante os 7 dias que dirigimos (foram 6 diárias de aluguel), o valor total gasto em combustível foi R$ 440, ou seja, R$ 110,00 por pessoa. O aluguel do carro, por todo o período, ficou em R$ 665,00, ou R$ 166,25 por pessoa.


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Comentários

10 COMENTÁRIOS

  1. Seu relato foi bem esclarecedor. O caminho é bem sinalizado? Porque em vários sites relatam que não dá pra ir se não for com um guia, mas vocês fizeram tranquilo certo?

    • Oi, Andreia! O caminho é relativamente bem sinalizado sim (mas paramos para perguntar na estrada uma vez), dá para ir tranquilo sem guia até lá, só que para visitar os poços você precisa pagar uma entrada, que inclui o serviço do guia. É legal porque eles explicam a história dos poços e detalhes da formação deles, bem interessante! 🙂

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