Depois do sofrimento dos meus primeiros três meses da gravidez em Vancouver, o segundo trimestre da gravidez foi um pouco mais tranquilo e passou bem rápido. Tão rápido que eu já estou quase parindo e só agora fazendo este post, mas antes tarde do que nunca, né, para falar um pouco sobre os exames que precisei fazer, remédios que tomei, detalhes do atendimento médico e de como foi passar esse período aqui no Canadá.
As mudanças no corpo e nos sentimentos
O segundo trimestre da gravidez vai da 15ª à 26ª semana, e a 15ª semana é justamente quando a maior parte das grávidas sente uma melhora no enjoo, exaustão e mal estar do primeiro trimestre. Eu comecei a melhorar gradualmente desses sintomas lá pela 16ª semana, mas em compensação, comecei a ter umas dores de cabeça terríveis, de me fazerem faltar o trabalho e ficar meio alucinada sem conseguir raciocinar. Falei com a médica e primeiro ela me mandou tomar doses enormes de Tylenol (três comprimidos de cada vez!) quando a dor viesse, mas como eles não estavam adiantando por mais de algumas horas, na próxima consulta ela me passou uma mistura de remédios para azia, enjoo e dor de cabeça, para prevenir as crises, e aí sim melhorei muito.
Mas todo o mal estar que passei no primeiro trimestre, seguido por essas dores de cabeça enlouquecedoras, acabaram me fazendo desenvolver um quadro de depressão (problema que eu já tinha tratado antes, como comentei na nossa retrospectiva de três anos no Canadá). Nada super sério – eu chorava demais, com muito medo do futuro e sem conseguir me empolgar com a gravidez nem sentir uma conexão com o bebê – mas preocupante o suficiente por causa do histórico de depressão pós-parto na minha família, então conversei com a médica e ela me passou um antidepressivo leve que não interferiria na gravidez. E explicou que é bem pior pro feto a mãe ficar triste, nervosa e preocupada o tempo todo, do que ela tomar um remédio (já testado e aprovado) para ficar em um bom estado de espírito. (Acho bem interessante outras grávidas saberem disso, caso estejam passando por situações similares, porque é algo que tinha me deixado bem preocupada!)
Com a depressão controlada e sem os enjoos e a dor de cabeça, comecei a quase me sentir um ser humano de novo, e pude voltar a fazer as coisas da minha rotina, como sair para caminhadas longas com a Chica, malhar de vez em quando (bem de leve) e até fazer a trilha para os Joffre Lakes quando estava com 20 semanas. Além disso, foi lá pela 16ª semana também que eu voltei a conseguir comer normalmente – legumes, verduras e coisas saudáveis em geral – e passar a cozinhar de novo, então isso também me fez muito bem.
Enquanto isso tudo acontecia na minha cabeça e na vida, eu sentia uma fome absurda e o corpo começava a mudar. Minha barriga – que no começo ficou só parecendo que eu gostava muito de chopp – apareceu mesmo e começou a crescer bem lá para a 20ª semana, quando comprei as minhas poucas roupas de grávida. Foi muito legal sentir o bebê mexer e os chutes ficarem mais fortes conforme ele crescia, e aí sim fiquei me sentindo grávida mesmo e não doente! Até o final do segundo trimestre eu tinha engordado 8 kg, o que é normal para o meu peso, altura e idade.
Exames solicitados no segundo trimestre da gravidez no Canadá: Descobrindo o sexo do bebê
No segundo trimestre eu continuei indo ao médico uma vez por mês para as consultas regulares, durante as quais eu deveria deixar uma amostra de urina e a médica media:
- meu peso,
- minha pressão,
- os batimentos cardíacos do bebê,
- o tamanho da minha barriga (o comprimento em centímetros tem que ser o mesmo do número de semanas. Ex: 30 semanas, 30 centímetros de distância de debaixo do peito até um pouco abaixo do umbigo)
Além desses, ela só me passou os dois seguintes exames:
Segundo ultrassom (20 semanas) – O exame mais legal de todos, a primeira vez que a gente viu o bebê todo formadinho e detalhes como as mãozinhas e o piruzinho, o que finalmente matou a nossa curiosidade doida de saber o sexo da criança. ???? Desta vez fiz o exame no St. Paul’s Hospital e foi bem melhor: a técnica e a médica foram bem atenciosas, examinaram e explicaram tudo com a maior paciência, eu e Thiago gostamos muito do atendimento. Eu não sou uma pessoa sentimental com essas coisas, mas esse ultrassom das 20 semanas é emocionante, e acho que é quando cai a ficha mesmo de que realmente tem um bebê ali, com um pé todo formadinho cheio de dedos e todos os outros detalhes. Muito legal! No ultrassom também descobrimos que o gurizinho está maior que o tamanho normal, o que me deixou um tanto quanto apavorada sobre o parto! haha
Glucose screening (25 semanas) – O teste de glicose é para ver se a gestante desenvolveu diabetes gestacional, o que causa riscos para mãe e bebê. É um exame chatinho e eu fiz no LifeLabs: você chega no laboratório, eles te dão um refresco super doce para tomar a garrafinha toda e aí esperam uma hora para tirar o seu sangue e ver se a concentração de glicose ficou normal ou muito alta. É chato porque durante essa uma hora você tem que sentar lá e esperar, não pode fazer nada… mas pra mim acabou que não foi tão ruim porque o refresco terrível acho que baixou minha pressão e eu desmaiei, acordei depois de uma hora com a enfermeira me chamando para tirar sangue, então foi uma espera bem relaxante, por assim dizer. haha Se a gestante apresentar níveis de glicose elevados, a médica passa outro exame para confirmar, e aí esse é mais chatinho, já que pode ser preciso esperar até três horas no laboratório. Meus níveis foram normais no primeiro exame, então não precisei fazer outro.
O quarto do bebê e outras preparações
Quanto mais tempo para arrumar tudo para o bebê, melhor, por isso já comecei logo a me preparar… hahaha mentira! No segundo trimestre não fiz nada, não comprei nada pro bebê, não preparei nada porque não queria me estressar antes da hora. A Mari ficou falando que eu estava em estado de negação, mas acho que era preguiça mesmo. haha A parte boa é que ninguém no Canadá se estressa tanto com mil preparações como os brasileiros, então nesse caso acho que estou muito bem adaptada! rs
De decisões para a vinda do bebê, só a de que iríamos nos mudar para um lugar maior fora de downtown Vancouver e comprar um carro, então passamos o final do segundo trimestre procurando para onde ir e empacotando as coisas para a mudança, mas só mudamos mesmo no terceiro trimestre, assunto para o próximo post.
Os remédios e produtos que me ajudaram a passar pelo segundo trimestre
O coquetel milagroso de remédios que eu tomei três vezes por dia durante o segundo trimestre era composto por Diecletin, Metonia e Ranitidine, para enjoo e azia; e Sertraline uma vez por dia para depressão. Todos são vendidos com receita médica, mas me ajudaram muito e eu recomendo demais para quem estiver passando por condições similares!
Outros produtos que usei/ ainda estou usando muito foram:
Breathe Easy – Eu tenho muita rinite e vivia pingando coisas no nariz, mas com a gravidez parei de usar Neosoro e similares. Só que o nariz fica muito estranho na gravidez, bem entupido e com umas melecas sangrentas bizarras, e eu estava ficando bem sufocada para dormir. Foi quando descobri os Breathe Easy, uns adesivos que a gente cola para “abrir o nariz” à noite e ficar mais fácil de respirar. Eles melhoraram muito as minhas noites entupidas por aqui! Podem ser encontrados em lojas como a Shoppers, London Drugs e Rexall, ou na Amazon.
Botinha da Vans – Meu pé inchou ou cresceu durante a gravidez, sei lá, e com isso meus sapatos ficaram bem apertados e desconfortáveis. Então comprei uma botinha impermeável na Vans para ter conforto no outono/inverno e adorei, ela é super confortável e perfeita para grávidas cansadas e pesadas! O par custou CAD $150 e tem de vários modelos e cores.
Roupas maiores – Roupas de gestantes são caras e praticamente todas as lojas específicas são bem distantes de Vancouver, então acabei usando roupas um pouco maiores em vez de comprar roupas especiais. Eu usava P antes, então comprei vários vestidos baratinhos tamanho M em lugares como Old Navy e H&M e suéteres e blusas larguinhas em brechós, o que permitiu que eu conseguisse me vestir de um jeito não muito terrível sem gastar muito dinheiro. Para gestantes mesmo só comprei uma calça jeans e uma preta, uma meia-calça preta e um casaco pro inverno, que são coisas que é preciso comprar especiais mesmo.
Confira outros posts sobre a decisão de ter filhos e a gestação no Canadá:
Engravidar no Canadá: O que consideramos para decidir
Pré-natal no Canadá: Primeiro trimestre da gravidez em Vancouver
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