Em junho, fomos convidadas pelo pessoal da Academia Náutica para fazer algo que nunca tínhamos pensado antes: participar de uma regata. Mas como assim? “Nunca entramos em um barco à vela, não temos conhecimento nenhum do esporte nem fizemos nenhum tipo de aula, como vamos participar de uma regata?” Essas foram as primeiras perguntas que surgiram, mas assim que descobrimos que não era preciso conhecimento nenhum, aceitamos, animadíssimas, na mesma hora.
A proposta da empresa é justamente incentivar o esporte e mostrar que velejar não é nenhum bicho de sete cabeças. A Academia Náutica oferece uma série de experiências diferentes, tanto para quem procura só um bom passeio pelo mar, em contato direto com a natureza; quanto para os que desejam mergulhar de cabeça e aprender mesmo a velejar. O objetivo é justamente estimular a prática e mostrar que o iatismo é um esporte acessível nas suas diversas modalidades, apesar de muitos acharem – assim como nós achávamos – que é só pra quem tem dinheiro e foi criado no meio desde pequeno.
O convite foi para participarmos da experiência Aviso de Regata, e como a Thaís está do outro lado do mundo, a Paula, nossa amiga e mascote-correspondente aqui do Viajadora, foi comigo. A gente se divertiu muito e agora conta aqui sobre esse projeto muito legal do qual qualquer pessoa pode participar e (quase) se sentir um velho lobo dos mares.
O que é e como funciona o Aviso de Regata
A experiência foi criada para pessoas que gostam de adrenalina e que queiram vivenciar a emoção de uma competição de vela, mesmo sem nenhuma experiência. A Academia Náutica disponibiliza de uma a duas vagas por cada barco e cada um dos tripulantes tem uma função real a bordo. Quem participa embarca para um treinamento básico e reconhecimento do barco e depois é só se posicionar e preparar para a largada.
O barco usado é o HPE 25, de 25 pés (7,6m) de comprimento e capacidade para 4 tripulantes. Ele tem duas velas enormes, que somadas, têm 31m2 de área, e conta ainda com a lindíssima terceira vela, chamada de Balão.
O skipper e instrutor é o José Augusto L. B. Dias, o famoso “Guruga”, velejador de alta performance super respeitado no meio. Guruga é capitão, instrutor master de vela e tem muita experiência, incluindo três campanhas olímpicas, e é o atual treinador da equipe brasileira de vela classe 470.
Como foi a experiência
Às 11h em ponto, eu e Paula chegamos ao ponto de encontro no Rio de Janeiro para começar o aquecimento e os preparativos para a regata, que começaria às 13h. Conhecemos o Daniel Rocha, um dos fundadores da Academia Náutica, e o Guruga – também fundador da Academia Náutica. Eles nos passaram as primeiras instruções e logo seguimos em direção aos barcos. Nós duas fomos em barcos separados para que a regata ficasse ainda mais emocionante, já que ambas estavam empenhadas em chegar em primeiro lugar. haha


O aquecimento para a regata começou a bordo. Aprendemos as nossas funções e também a de cada um da equipe. No começo confesso que foi meio desesperador aprender tanta coisa nova e tantos nomes diferentes do dialeto próprio do iatismo de uma só vez. As velas se chamam Grande e Buja, “caçar” significa puxar e eles chamam o que para nós parece uma corda, de cabo. Então alguns comandos ficam mais ou menos assim:
– Caça a escota da Buja! (ou seja, “puxe o cabo da vela da frente”)
– Solta a escota da Grande! (que significa: “solte o cabo da vela grande”)
Também aprendemos que para fazer as manobras é preciso entender a direção do vento. Por exemplo, “orçar mais um pouco” significa que precisamos direcionar para ficar com o vento mais de proa, vindo da frente, e “arribar mais um pouco” significa que é preciso ficar com o vento mais de popa, ou seja, vindo de trás. As manobras são chamadas “Cambada” e “Jibe” (“Jáibe”). Eu confesso que fiquei tensa achando que ou eu era meio burra, ou aquilo era bem difícil, mas foi só o susto com tanto nome e novidade. O Guruga mostra na prática o que cada coisa significa e explica tão bem, que no fim as coisas ficam fáceis e à medida que a gente vai fazendo, vai tudo fazendo sentido. Muito legal mesmo!

Enquanto a gente aquecia, todos os outros barcos, da mesma classe do nosso e de outras classes, vinham entrando na baía e se posicionando para a largada. Foi ótimo estar ali, do lado de dentro do barco, vendo o que eu sempre achei tão lindo ver de fora.


Só uma coisa estava atrapalhando a gente: o vento, que começou a diminuir e a não colaborar. A largada, que estava prevista para 13h, foi adiada duas vezes, até que, por volta das 15h, foi oficialmente cancelada. Por falta de vento, a comissão cancelou a prova e infelizmente nós não conseguimos sentir a emoção de uma corrida oficial. E a Paula deu sorte porque no fim das contas não perdeu para o meu barco. hahaha
Mesmo sem o vento na raia da prova, conseguimos sair um pouco da Baía de Guanabara, para onde tinha vento, e colocamos em prática o que aprendemos no aquecimento. É até difícil descrever como é bom sentir o vento no rosto com o barco em velocidade, e como achei linda a vela “Balão” aberta. Sem contar o ângulo diferente da Cidade Maravilhosa, que só se vê mesmo dali de dentro da Baía. Uma outra descoberta muito interessante foi ver que a água não é suja como vemos no jornal, e saber do Guruga, que conhece a Baía há anos e como poucos, que ela está muito mais limpa agora do que jamais esteve. Segundo ele, há alguns anos era bem mais complicado velejar por lá, pela quantidade de lixo na água.




Depois de algum tempo praticando, velejamos de volta para terra firme e o entardecer no Rio de Janeiro fechou o dia com um lindo pôr do sol. Apesar de não ter tido a regata oficial, o passeio foi incrível e tudo o que eu achava sobre as dificuldades do iatismo foi por água abaixo. O esporte realmente é acessível para qualquer um que tenha vontade de velejar e não existe idade para começar. Indico a todos que tenham curiosidade e também para aqueles que procuram um programa diferente para fazer no Rio.





Aqui vai o video que fizemos com um pouco do que foi o nosso dia velejando pela Baía de Guanabara:
Recomendações para Marinheiros de 1ª Viagem:
– A quantidade de cabos no barco é grande e por isso, para se ter mais firmeza e não tropeçar, é muito importante estar calçado. Como o barco é branco, o sapato deve ter sola branca ou anti-risco e antiderrapante.
– Um item muito importante é uma blusa leve e que proteja do sol. Aquelas de manga comprida com proteção UV são perfeitas.
– Um casaco do tipo “corta-vento” também funciona bem pra proteger do vento mais frio no fim do dia.
– Não esqueça do protetor solar e dos óculos escuros. Eles são fundamentais.
– Se você tiver medo de passar fome como eu for daqueles que não gostam de ficar muito tempo em jejum, é bom levar seu próprio lanche. Como não haverá pausa para comer durante a regata, é importante que o lanche seja rápido e simples. Eu levei um sanduíche de atum – que substituiu o almoço -, uma banana, uma barra de cereal e uma barra de proteína, tudo bem fácil e rápido de botar pra dentro. Água tem bastante no barco (doce! haha) e está incluída no passeio.
– Algumas pessoas são mais sensíveis aos balanços do mar, nesse caso, vale a pena se alimentar com comidas leves, evitar bebida alcoólica no dia anterior e ter no bolso um remedinho contra enjoo, como o Dramim B6.

Quanto custa e como fazer o Aviso de Regata
O passeio Aviso de Regata completo vai de 11h até aproximadamente 16h e custa R$ 295,00 por pessoa. São disponibilizadas duas vagas por dia de regata, então é importante reservar a vaga com antecedência.
A Academia Náutica também possui outros passeios, todos com o objetivo de popularizar a vela, por isso pessoas com nenhuma experiência no esporte podem ter a experiência de vivenciar uma regata, seja para aprender o esporte mesmo ou só para curtir o Rio de uma maneira diferente. Os preços são variados e quem quiser saber mais informações é só acessar a página deles no Facebook ou o site para compra dos passeios ou ainda ligar para (21) 99798.4704.
Depois da experiência fizemos um videozinho conversando com o Daniel e o Guruga, que contaram um pouco mais da proposta da Academia Náutica. Aqui vai:
Observação: Participei do passeio a convite da Academia Náutica, mas todas as opiniões refletidas neste post são verdadeiras e isentas de compromisso com o pessoal da empresa.
[…] Passeio diferente no Rio de Janeiro: participar de uma regata (mesmo sem nunca ter velejado antes) […]