Mas… mas… o que voce vai fazer no Alasca?

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Quando eu disse que passaria  férias no Alasca, todo mundo perguntou o que eu ia fazer no meio dos esquimós e ursos polares. Alguns, um pouco mais bem informados, perguntaram se eu ia comer os caranguejos do programa “Pesca Mortal”, ou andar nas estradas sinistras do reality show “Caminhoneiros do Gelo”, do Discovery Chanel. Mas o que, ainda hoje, pouca gente sabe e eu pouco sabia também, é que o 49° e maior estado norte-americano tem muito a oferecer para quem quer contato real com a natureza e praticar esportes ao ar livre. E que surpresa, para quem gosta de comer bem, também: a pesca é uma especialidade do Alasca e é possível comer peixes deliciosos a preços bem acessíveis.

A primeira coisa que me chamou a atenção logo que cheguei em Anchorage, e ficou ainda mais perceptível quando viajei para o interior, foi como tem espaço sobrando por lá. “Los Anchorage”, como a cidade mais famosa é carinhosamente chamada pelos moradores, concentra a maior parte dos menos de 620 mil habitantes do estado, e mesmo assim tem shoppings e praças grandes e vazios, e ruas centrais onde frequentemente é possível andar sem encontrar ninguém, algo curioso para quem está acostumado com a confusão do Rio de Janeiro. Na hora de viajar, o contraste também é gritante: as cidades ficam muito longe umas das outras, e você dirige por horas sem encontrar nenhum outro carro ou sinal de vida humana – o que não é nada surpreendente quando se pensa que apenas 1% do território de 945mil quilômetros quadrados da “última fronteira da América” é habitado.

É justamente por ter todo esse espaço e se localizar tão ao norte, que o Alasca tem tantas características geográficas interessantes, com vários ecossistemas, como florestas úmidas, geleiras, tundras e até um deserto com dunas de areia que, infelizmente, não deu tempo de visitar. Essa questão do tempo, aliás, é delicada, a gente tem que escolher muito bem o que quer ver por lá – eu vim embora com a sensação de que precisaria voltar muitas vezes para ver e fazer tudo que eu gostaria. Só para se ter uma ideia da dimensão: 17 dos 20 picos mais altos do país estão lá, inclusive o Denali (ou Monte McKinley), maior montanha da América do Norte e uma das sete maiores do mundo; o Alasca é o lugar que possui o maior número de geleiras ativas, mais de 100 mil; é banhado por três mares e dois oceanos; tem mais de 70 vulcões ativos (e alguns terremotos, pra dar uma animada); mais de 120 milhões de acres de florestas e mais de três milhões de lagos, sendo um deles o Yukon, terceiro maior dos Estados Unidos.

Com toda essa exuberância da natureza, é claro que o que você mais vai fazer por lá tem a ver com mato e, de preferência, esportes outdoors. Então, se você é uma pessoa fresca ou um tanto preguiçosa, tem duas opções: conhecer o Alasca num daqueles cruzeiros certinhos cheios de casais europeus na “melhor idade”, que saem do Canadá; ou ir pra um lugar mais mainstream como Nova York mesmo e evitar surpresas. Mas se a sua ideia de férias perfeitas envolve muita aventura e você não se incomoda de ficar uns dias sem banho acampando na floresta ou de tomar uma corrida de urso no meio de uma trilha, o Alasca é o lugar ideal pra você, jovem. Alugue um carro, aproveite a ótima infraestrutura e vá explorar o estado, uma experiência inesquecível.

E pode ficar tranquilo que também não tem só perrengue por lá, não! As recompensas depois de um dia de aventuras e atividade física intensa são bares aconchegantes com as melhores cervejas que puder imaginar, inclusive as que eles mesmos produzem, já que existem muitas microbreweries por lá; e muita, muita comida gostosa. E não é só fast food: além dos king crabs gigantescos símbolos do país, é fácil encontrar salmões e halibuts recém-pescados e deliciosos. Experimente os salmões, você vai ver que são muito mais rosados e com um sabor bem mais intenso que os que comemos no Brasil, por não serem criados em cativeiro. E se quiser mesmo a boa e velha junk food, também está no lugar certo, porque lá tem de tudo, inclusive a melhor pizza do mundo – sério, de verdade, as melhores pizzas que já comi na vida! – por um bom preço no Moose´s Tooth, meu bar e restaurante favorito por lá, sobre o qual você pode ler mais aqui. E já de barriga cheia, se quiser prolongar a noite, vários bares têm música ao vivo (geralmente country), e os mais boêmios encontram, na região central de Anchorage, boates onde a festa dura a noite toda.

Mas se fizer isso tudo, cuidado! Como bem disse o Henry, um amigo de Vermont que hoje trabalha como guia de montanhismo no Oregon, “o Alasca vicia e não dá mais vontade de voltar pra casa”. Eu ri, mas depois vi que era verdade. Viajei três mil quilômetros por lá, visitei várias cidades, fiz um monte de coisas, mas voltei pro Rio com a sensação de que não fiz nem 10% do que poderia ter feito por lá. E agora quero voltar e voltar e voltar lá para onde o sol brilha a noite toda no verão. A gente acostuma mesmo com aquelas montanhas nevadas, o ar puro, o silêncio e a ter contato com a natureza mesmo nas cidades maiores. Como me disseram por lá, com um tempo de Alasca, seu sangue “fica mais grosso, mais durão” e a natureza passa a fazer parte de você. Que saudade!

Melhores sites de informações sobre o Alasca:

www.infoAlaska.net

www.AlaskaThingsToDo.com

Se quiser ler mais sobre o Alasca, também tem esses posts:

16 dicas para acampar no Alasca

Manual de sobrevivência para trilhas no Alasca

Remando nas cavernas de gelo de Valdez, Alasca

Safari no Denali Park: em busca dos “Big 5” do Alasca

De molho nas águas termais de Chena Hotsprings

A loja mais legal de Anchorage: REI  

A melhor pizza do mundo fica muito longe daqui

Comentários

11 COMENTÁRIOS

  1. Boa noite viajajadora, é dificil dizer isso com céu azul e o Sol aqui em Anchorage.
    Estou no aeroporto esperando vôo para voltar pro Rio, já com saudade desse lugar maravilhoso que é o Alaska.
    Viajo sozinha, meus parentes e amigos disseram que sou louca quando passei um mês viajando pela Patagônia chilena e argentina, agora a maioria só soube quando eu já estava embarcando, então acharam que endoidei realmente.
    Estou me sentindo exatamente como vc… tenho que voltar é muita beleza para absorver de uma vez só.

    • Oi, Tania!
      Fico feliz em ver que você curtiu e aproveitou bem o Alasca, é um dos lugares que meu coração dói de saudade quando eu lembro. Sem dúvida, para se voltar e voltar muitas vezes mais. Continue curtindo e viajando como gosta, afinal, ninguém tem nada com isso, né? hehe
      Beijos!

    • Oi, Tania!
      Fico muito feliz em ver que você curtiu e aproveitou bem o Alasca, é um dos lugares que meu coração dói de saudade quando eu lembro! Sem dúvida, para se voltar e voltar muitas vezes mais. Continue curtindo e viajando como gosta, afinal, ninguém tem nada com isso, né? hehe
      Beijos!

  2. Olá, achei sua experiência sobre o Alasca, estou com muita vontade de ir para lá. Sei que ja faz tempo que você foi, mas queria sua opinião.
    Eu não sou a pessoa mais fresca do mundo, mas passo longe de ser a mais esportiva rs não sou capaz de fazer trilhas por exemplo. É possível curtir o Alasca sem essa parte mais rootz sem ser nos cruzeiros?
    Tipo ficar num hotel e fazer alguns passeios guiados? ou só da pra aproveitar se for pra se enfiar numa barraca de acampamento?

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