Se tem uma coisa que me enche o saco nesta vida é a minha rinite alérgica. E eu tenho muita, muita mesmo. Vivo entupida e qualquer poeirinha me faz espirrar e ficar com o nariz vermelho e coriza. Além de ser uma chatice no dia a dia, isso é muito difícil para quem, como eu, gosta de viajar barato e, por vezes, acaba ficando em espeluncas assustadoras hotéis nem tão limpos assim. A poeira, os ácaros, as variações climáticas, a poluição e até o pólen pairando no ar de alguns lugares são fatores que podem desencadear crises alérgicas brabas que não só deixam a gente parecendo uma das renas do Papai Noel como, também, podem provocar muito mal estar e indisposição durante a viagem.
Pensando nessas coisas (tem pólen em todos os lugares em Vancouver neste momento!), peguei com a Dra Ana Paula Moschione, especialista em Alergia e Imunologia pela Associação Médica Brasileira de Alergia e Imunologia, algumas dicas do que a gente pode fazer para evitar as crises de alergia em viagens.
Mas antes das dicas, vamos entender…
O que causa as crises alérgicas
Usando uns termos bem simples, o nariz é a ponta de um “encanamento” complexo que constitui o nosso sistema respiratório, e tem todo um mecanismo de defesa para impedir que as substâncias tóxicas cheguem aos pulmões quando entramos em contato com elas. Esse sistema é basicamente a obstrução nasal, que impede a entrada de substâncias como as fumaças tóxicas, por exemplo; e os espirros e a coriza, que as empurram para fora. O grande problema acontece quando o nosso corpo cisma que coisas cotidianas e inofensivas para a maioria das pessoas, como a poeira de casa e os pelos dos animais, são inimigos a serem combatidos e, por isso, desencadeia todo o sistema de entupimento nasal/espirro/coriza para nos defender. Uma reação exagerada que causa as crises de rinite alérgica e, em casos mais graves, de asma. (Valeu aí, corpo, pelo esforço, mas toda essa proteção anda me sufocando, cara.)
Essa hipersensibilidade costuma ser transmitida geneticamente e pode ser desenvolvida de repente… ou seja, do nada você pode se tornar alérgico a uma coisa que, até então, não provocava nenhuma reação no seu corpo. As alergias podem ser expressadas de muitas formas, como problemas de pele, conjuntivite, asma e a danada da rinite. Hoje, estima-se que uma em cada quatro pessoas sofram com ela no mundo.
Para prevenir a rinite e tornar a nossa vida um pouco mais fácil, a Dra. Ana Paula dá as seguintes dicas:
8 cuidados para evitar as crises de rinite alérgica em viagens
1) Escolha do local e condições climáticas
Ver como estarão na época em que você vai viajar, prestando atenção em detalhes como a concentração de poluição (se você vai pra China, por exemplo) e se é primavera e época de polinização (como aqui em Vancouver agora, as ruas estão floridas e lindas mas eu estou super alérgica)
2) Veja direito onde vai ficar
Opte por quartos de hotel ou apartamentos alugados sem carpete e em áreas de não fumantes. Verifique também se tem mofo ou muita umidade.
3) Leve sua roupa de cama
Quando eu vou ficar em hostels ou em lugares mais simples, costumo levar uma capa anti-ácaro para o meu travesseiro e as minhas próprias roupas de cama. Isso garante que estarão limpas e sem poeira.
4) Prepare sua farmacinha
Além do que já recomendamos no post sobre como montar uma farmacinha de viagem, se você é alérgico deve levar também remédios anti-histamínicos (tenho usado o Claritin e estou gostando bastante) para quando a crise bater, assim como descongestionantes nasais. Aqueles que duram 12h são ótimos, mas tome muito cuidado para não ficar dependente deles.
5) Lave o nariz com soro
Lavar o nariz de manhã e de noite com soro fisiológico, de um jeito que o soro entra por uma narina e sai pela outra (para isso você pode usar uma seringa – sem a agulha, claro – ou uns aplicadores especiais que vendem em farmácias). É chato, no começo parece que a gente vai se afogar, mas tenho feito isso sempre e adianta bastante para ficar com o nariz desentupido ao longo do dia.
6) Se prepare para a viagem de avião
Andar de avião por muito tempo resseca tudo por dentro e deixa a alergia ainda pior. Tome um anti-histamínico pouco antes de embarcar e leve com você um descongestionante nasal. Além disso, eu sempre levo Rinossoro ou soro fisiológico para quando o nariz fica muito seco, e tiro a lente de contato, senão é certo de ter conjuntivite alérgica. Durante a viagem, é importante beber bastante líquido, mas nada alcoólico para não piorar os sintomas.
7) Escolha um meio de transporte adequado
Se for alugar um carro, confira se ele e o ar condicionado estão limpos. Se for usar transporte público, procure evitar aqueles que são muito fechados e empoeirados. (Fiz uma viagem de 10 horas na Bolívia em um ônibus que devia ter sido fabricado e limpo pela última vez em 1953, com janelas que não abriam. Fiquei tão entupida que achei que ia morrer sufocada – você não quer passar por uma coisa assim, acredite.)
8) Tenha sempre as suas receitas
Sempre viaje com as suas receitas médicas organizadas e com todas as indicações para o caso de você ter uma emergência quando estiver viajando. Se a viagem for para o exterior, lembre de levá-las traduzidas.
Se o seu caso for muito sério
Para quem é muito alérgico e precisa de ainda mais cuidados, é interessante saber que alguns hotéis já oferecem serviços específicos para a galera da rinite. São quartos com sistema especial de purificação do ar, sistemas diferentes (mais fortes) de higienização do aquecedor e ar condicionado e protetores impermeáveis no travesseiro e no colchão, entre outras medidas. Se o caso for grave, vale mesmo a pena procurar hotéis que ofereçam esses serviços.
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