Ouvi falarem tanto sobre como era bom ficar de molho nas águas termais de Chena Hot Springs, que fui pro Alasca super curiosa e continuei animada mesmo depois das 9 horas de carro desde o Denali National Park, onde estávamos antes. E cada minuto valeu a pena: fundado há mais de cem anos, famoso mundo afora pelas suas piscinas quentes e por ser um dos melhores pontos do mundo para ver a Aurora Boreal no inverno, o Chena Hot Springs Resort é uma das atrações mais legais do Alasca.
A graça da viagem já começa na Chena Hot Springs Road, a estrada que leva até o resort. Ela fica dentro da Chena River State Recreation Area, uma área de preservação muito linda que tem lugares para camping selvagem, trilhas famosas e vários lagos e rios onde o pessoal pratica canoagem, caça e pesca. Um tipo de floresta e paisagem muito curiosa para quem mora em cidade grande e/ou vem de um lugar com clima e vegetação completamente diferentes, como é o caso do Brasil. Fiquei maravilhada vendo as mães alces e seus filhotes tomando um banho de rio sem preocupações às margens da estrada, uma visão inesquecível.

Alce na estrada… cena comum na Chena Hot Springs Road
(foto: Lost Aussie)

Chegando ao resort, um portal de madeira marca a entrada em uma atmosfera bem tranquila, com um clima de cidade do interior muito gostoso. No verão, há flores em todos os lugares e o sol brilha no céu até bem tarde da noite, sem nunca se pôr totalmente, o que favorece as atividades ao ar livre e não dá vontade nenhuma de ir dormir. Na área de 440 acres, além das “hotsprings”, como são chamadas as piscinas de águas termais – descobertas por mineradores nos idos de 1905 – existem várias outras atrações, como um museu todo feito de gelo, passeios a cavalo, um canil onde oferecem passeios em trenós puxados por huskies siberianos, e passeios de helicóptero para observar a paisagem; além de um café, um bar e um restaurante, salão de cabeleireiro e massagem, sala de televisão e de jogos. E no inverno há opções ainda mais legais, como passeios para observar a Aurora Boreal; prática de snowshoeing (um tipo de caminhada pela neve usando skis); passeios em snowmobile e patinação no gelo.

Mas o que eu queria mesmo fazer era, claro, experimentar as hotsprings, então não perdemos tempo e fomos logo. Para entrar na área das piscinas, você entrega seu passe, que ganha quando se hospeda no hotel ou compra separado se não for ficar lá, pega uma toalha e passa pelo vestiário para deixar as coisas. Na área coberta, existe uma piscina maior aquecida e algumas banheiras de hidromassagem, e ao ar livre, mais duas hidromassagens maiores e a grande estrela do lugar, a hotspring. Delimitada por pedras grandes e cercada de montanhas, a piscina é linda, toda natural, esfumaçada e muito quente. Quando entrei, estranhei um pouco a sensação de sentir muito frio no pescoço e na cabeça e muito calor no resto do corpo, me senti uma galinha cozinhando num caldeirão de canja, foi meio esquisito. Mas depois que você começa a acostumar com a temperatura e seu corpo começa a relaxar, é uma beleza… ainda mais se você entrar com um copo de café cheio de vodka disfarçada, como fizemos, você fica calminho, calminho. Ah, e contribui para isso, também, o fato de que, graças a seu sistema imunológico mais fraco, as crianças de até 12 anos não podem entrar na piscina natural, então não tem essa coisa de gurizada gritando, jogando água e zoneando tudo.

(Crédito: ExploreFairbanks.com)
Passamos a maior parte do fim de semana nas piscinas, que frequentamos de manhã, de tarde e de noite. A pele fica bem macia e você se sente muito limpo mesmo, é muito bom depois de dias acampando sem tomar banho. E por ser no meio das montanhas, é uma sensação muito boa de contato total com a natureza, sem barulho, no meio da floresta, onde não pega celular nem internet… tão no meio da natureza que, numa tarde em que estávamos lá cozinhando nas hotsprings, um alce gigantesco passou calmamente bem do nosso lado e entrou na floresta, com aquela postura imponente de “essa é minha casa, eu que mando aqui”, que até o menor dos bichos do Alasca parece ter.
Onde Ficar:
Chena Hot Springs Resort
A cerca de 100 quilômetros da cidade de Fairbanks. No site tem orientações de como chegar, e para quem estiver sem carro, eles oferecem um shuttle para buscar os hóspedes em Fairbanks, cobrado à parte.
Telefone: +1 (907) 451-8104
– Se quiser se hospedar por lá, vale a pena reservar antes pela internet, porque costumam dar descontos de até 50% para reservas online.
– Se não quiser se hospedar, é possível comprar o passe de um dia para usar as dependências do resort. Os preços estão disponíveis no site e giram em torno de U$15 para adultos. No entanto, recomendo dormir pelo menos um dia lá, porque o lugar é muito agradável e é chato fazer tudo com pressa pra ir embora no fim do dia.

Dicas para curtir as águas termais:
- Passe em um mercado e compre água e comida para levar para o quarto, porque a comida no café e restaurante de lá, além de ser gorda, é bem cara. Levei pão de forma, queijo, peito de peru, leite, cereais, biscoitos, beef jerky, vodka e suco de cranberry, e guardei tudo em um cooler com gelo… foi uma economia e tanto, ainda mais pra mim, que sou uma draga humana.
- Lá é permitido levar bebida não-alcóolica em copos fechados para a piscina. Nós levamos vodka e ninguém checou. Mas tem que tomar cuidado, porque a água quente potencializa os efeitos do álcool, então é preciso maneirar para não virar o bêbado chato das hotsprings, até porque eles expulsam se virem que a pessoa está bêbada.
- Leve repelente, mesmo, não esqueça! Se for no verão e não levar, corre o risco de ser carregado para a floresta pelos mosquitos selvagens do Alasca.
- Lá não pega internet nem celular, então se não aguenta ficar sem essas maravilhas do mundo moderno, não vá.
- Moça, se não quiser que os velhos tarados fiquem te encarando, use um biquíni maiorzinho ou um shortinho de lycra, porque biquíni nos padrões brasileiros eles encaram mesmo (bem sei). Ah, e não é permitido entrar de roupa normal, tipo camiseta de malha.
Olha eu lá:





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