Assim que cheguei a Hong Kong, no final de 2014, meu olho esquerdo começou a ficar ruim na hora de dormir, vermelho, inchado e lacrimejando. Fiquei logo apreensiva, porque há tempos vinha tendo uma alergia séria com a lente de contato e, quando acordei, não deu outra: meu olho estava todo irritado, doendo muito e, eu, desesperada com a perspectiva de ir para o Nepal no dia seguinte naquela situação. Resolvi, então, procurar um oftalmologista para tratar logo o problema e eu poder viajar em paz. Foi a primeira vez que usei o seguro saúde em uma viagem, e agora conto aqui como foi:
Acionando o seguro saúde Affinity 10
Antes de viajar, comprei um mês de seguro saúde para cobrir todo o período que estaria fora. A seguradora escolhida foi a Affinity, com o plano Affinity 10 – o mais barato, que por US$ 94 me garantia US$10,000 de cobertura em caso de acidente; US$200 de cobertura para assistência odontológica e US$ 300 de assistência farmacêutica, entre várias outras coberturas, que iam desde reembolso por dias de internação hospitalar até repatriação funerária se eu morresse na viagem.
(O Affinity 10 era um pouquinho mais barato do que o Affinity 30, que por US$145 me oferecia uma cobertura muito mais ampla. Hoje, quando penso que estava indo fazer trekking no Nepal e tudo que aconteceu durante a viagem, tenho certeza de que foi o tipo de economia burra que eu não faria novamente… mas isso é papo pra outro post. Para o que eu precisei em Hong Kong, o Affinity 10 serviu bem.)
Para usar o Affinity é preciso, primeiro, ligar para eles, em números passados no momento que a gente compra: para ligação gratuita na Europa e nos EUA e um número para chamada a cobrar para o resto do mundo. Foi para este último que eu liguei do telefone do hotel e fui prontamente atendida em português por uma assistente que me fez várias perguntas sobre o que eu estava sentindo e ficou de me retornar em meia hora para dizer aonde eu deveria ir. Bom, não sei se ela demorou demais ou eu que estava com muita dor, mas não esperei e liguei de novo, e aí me falaram para ir a qualquer hospital que eu quisesse que depois eles me reembolsariam as despesas.
O atendimento no Queen Elizabeth Hospital
Livres para decidir, seguimos a sugestão do pessoal do hotel e fomos para o Queen Elizabeth Hospital, que fica na região de Tsim Tsa Tsui, bem pertinho de onde estávamos. O QEH é público, foi inaugurado em 1963 e hoje funciona como hospital escola para o treinamento de estudantes de medicina e enfermagem de várias universidades de Hong Kong e arredores, com destaque para o tratamento de câncer, doenças cardíacas, do sistema nervoso e uroginecológicas. Ele fica em uma área bem arborizada e agradável da cidade.

Com o olho pulsando e sem enxergar nada direito, fui direto para a emergência com a minha melhor cara de coitada para ser atendida logo. Nem precisava: em uma quarta-feira de manhã, só tinha a gente lá. Tive que ir primeiro em um guichê onde dei minhas informações pessoais e paguei os US$ 100,00 do valor da consulta com o cartão de crédito.
Em seguida, passei por uma pré-avaliação com uma enfermeira e fui encaminhada para o atendimento. Me botaram deitada na maca em uma salinha onde esperei uns 30 minutos até o médico aparecer. Enquanto isso uma faxineira varria o chão usando um uniforme bem encardido, tão encardido quanto o jaleco do médico que chegou pra me atender, que se bem reparei com meu olho bom, tinha até umas manchinhas de sangue seco. Foi nesse momento que tive um mini ataque de pânico, com medo de ele, que falava um inglês muito difícil de entender, resolver enfiar alguma coisa bizarra nos meus olhos.

Nem tive muito tempo para ter medo. O médico falou “tingulim tin pililim” ou alguma coisa parecida, segurou minha cabeça e passou um papel pelos meus olhos que pingou alguma coisa e – ufa! – fez com que eles parassem de doer na mesma hora (e ficassem cor de amarelo-ferrugem). Ele então me deu uma bronca falando que não era pra eu botar a mão no olho e explicou que eu estava com conjuntivite alérgica, a mesma coisa de sempre, e deveria ficar duas longas semanas sem lente de contato. E me instruiu a passar no setor de remédios para pegar os dois colírios que eu deveria pingar nesse tempo, o que eu achei bem melhor do que o esquema brasileiro de comprar tudo separado na farmácia e gastar ainda mais dinheiro.
O reembolso do atendimento médico
Como eu ia pedir o reembolso do valor que gastei na consulta, guardei direitinho a nota fiscal do hospital e a receita médica. Um mês depois, quando voltei, liguei para a central de atendimento do seguro para perguntar o que fazer e me instruíram a entrar em contato com a Cristiane, do setor operacional, no e-mail cristiane@affinityassistencia.com.br. Fico pensando se essa funcionária é a Cristiane mesmo ou se Cristiane é só um nome genérico que criaram para todas as funcionárias, para o atendimento ao público ficar mais humanizado, já que não tem o sobrenome dela na assinatura nem em nenhum outro lugar:
Bom, o fato é que “Cristiane” me respondeu logo no dia seguinte me pedindo para enviar um formulário simples preenchido por email e pelo correio, junto com a nota fiscal do hospital e a receita médica. Acabou que mandei tudo só por e-mail mesmo e ela disse que já era suficiente, e que me responderiam em até 30 dias. No 30° dia, de fato, me responderam dizendo que o meu pedido havia sido aprovado e o dinheiro, depositado na minha conta. Recebi o total de US$ 155, correspondente ao valor da consulta médica e ao uso do telefone do hotel em Hong Kong.
Vale a pena usar o seguro saúde Affinity?
Quando soube lá em Hong Kong que ia ter de pagar pelo atendimento médico e depois pedir o reembolso, logo pensei na dor de cabeça que ia ter para reaver esse dinheiro, levando em consideração o costumeiro atendimento ruim dos serviços no Brasil. Até meio que dei como perdido, sabe, porque eu não sou das pessoas mais organizadas para ficar controlando essas coisas e achava que ia acabar esquecendo mesmo. Levando tudo isso em consideração, fiquei surpresa com a qualidade do atendimento e como tudo se resolveu de uma forma tão fácil. Apesar de achar o prazo de 30 dias para receber o dinheiro de volta um tanto quanto longo, eles foram pontuais e em momento nenhum questionaram os documentos que enviei ou o fato de eu ter cobrado o reembolso pelo uso do telefone do hotel também. Achei o desenrolar da situação bem simples, prático e agora pretendo sempre usar o Affinity nas minhas viagens.
A única coisa que eu faria diferente – dado o fato de que acabei torcendo o pé no Nepal e de ter rolado uma avalanche sinistra bem no lugar e na data em que eu estaria fazendo trekking por lá, que matou um monte de gente e mandou muitas outras pessoas mais para o hospital em estado grave – seria pegar o Affinity 30 e não o 10 para essas viagens aventureiras e com mais risco de vida. Eu quis economizar US$ 50 no valor do seguro e podia ter acabado gastando muuuito mais se alguma coisa mais grave tivesse acontecido, então hoje penso que seria mais cautelosa com isso. Mas para viagens mais tranquilas e sem tantas aventuras, acredito que o Affinity 10, de US$ 94 para cobertura de um mês, serve muito bem e eu definitivamente recomendo. Assim como recomendo o Queen Elizabeth Hospital para quem ficar doente em Hong Kong e precisar de atendimento médico rápido e eficiente por lá.

Como contratar o seguro saúde Affinity
Gostei tanto do seguro Affinity e do atendimento na ocasião da viagem, que eu e a Mari desistimos de anunciar uma outra marca de seguro saúde (que a maioria dos blogs de viagem anuncia) por não acreditarmos que ela era a melhor opção para nossos leitores. A gente só recomenda o que acredita de verdade, por isso fizemos uma parceria com uma corretora de seguros que oferece seguros personalizados de acordo com o tipo de viagem que o cliente fosse fazer (mais ou menos arriscada, por exemplo), quantidade de dias necessários e objetivos de cobertura. Achamos que assim é o melhor jeito para cada um conseguir um seguro eficaz e que realmente atenda às suas necessidades, mas custando o mínimo possível.
Por isso, se você quiser contratar um seguro saúde nesses termos, ficamos felizes em oferecer a assistência da nossa corretora, que vai analisar o seu caso e oferecer a melhor opção (e mais em conta também). A gente vai ganhar uma pequena comissão em cima do valor da comissão da corretora – que não encarece em nada o que você vai pagar – para nos ajudar a bancar o Viajadora, mas jamais vamos falar para você comprar um seguro mais caro se acharmos que não tem necessidade, porque somos viajantes também e sabemos como qualquer economia é importante na hora de viajar. Se tiver interesse, mande um e-mail para viajadoras@viajadora.com que a gente te coloca em contato com a corretora.
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Que ótimo saber que a Affinity funciona! Em abril fui à Cuba, as passagens e hospedagens foram independentes, mas queria um seguro que fosse aceito no país, já que os oferecidos pelo cartão de crédito na época não era aceito pois eram empresas americanas. Entrei em contato com uma agência aqui do Rio, onde uma amiga já tinha comprado pacote para Cuba anteriormente, e me ofereceram o Affinity. Não precisei usar o seguro, mas fui bem tranquila em saber que não teria problemas para ser atendida no país.
Muito bom artigo. Interessante.