A verdade sobre os viajantes

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Viajadora: A Verdade sobre Viajadores

 

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“Nós já fomos chamados de muitas coisas. Viajantes, na maioria das vezes. Mas gostamos de ser chamados de nômades. Exploradores. Vagabundos. Aventureiros. Ciganos modernos. Adotamos todos esses nomes, somos um pouco de tudo. Uma raça crescente de seres humanos com pés inquietos e a incapacidade de ficar parado, a incapacidade de ficar em um só lugar.

É isso que somos. Essa é a essência.

Nós viemos de todas as esferas da vida, de movimentadas cidades cinzentas, sonolentas cidadezinhas de praia, metrópoles cobertas de neve, pequenas vilas aninhadas entre montanhas verdejantes, viemos de todos os lugares. Mas a nossa gravidade interior sempre nos traz para o mesmo lugar: a estrada.

Quando se trata de viajar, achamos que coragem pesa mais do que dinheiro. Nós não somos ricos, não somos “bem de vida”e não viajamos por luxo. Nosso dinheiro não vem de pais ricos, nem de qualquer outro privilégio que você possa pensar que temos para conseguir manter uma vida de viagens. Nós trabalhamos duro, ou trabalhamos enquanto viajamos e guardamos tudo o que ganhamos. Nós viajamos ao preço do sacrifício. Somos felizes vivendo com apenas o suficiente, desde que estejamos na estrada. Isso significa que abrimos mão de muitos confortos para poder viajar. Preferimos escolher uma cama em um albergue barato, um sofá, uma rede, uma barraca, ou mesmo um piso de concreto. Nós já dormimos em barcos, cabanas centenárias, estações de trem, em cabanas de bambu com tribos indígenas, em casas construídas sobre palafitas em favelas e Deus sabe onde mais.

Aprendemos a viver profundamente, sem conforto. O incômodo torna-se confortável para nós. A maioria de nós não possui casas, ou se algum de nós possui, provavelmente  está alugando para usar o dinheiro para viajar. Nós não gastamos o nosso dinheiro em coisas que não precisamos. Não compramos muitas coisas, e não deixamos que as coisas comprem a gente. Aprendemos que quanto menos coisas temos, melhor vivemos.

É quando a gente está lá fora que se sente mais vivo. Vivendo como nômades, com nada além de nossas coisas em uma mochila e em movimento constante. Tudo é possível quando vivemos um novo dia em um lugar que nunca estivemos antes, entregues às vontades do universo.

Somos fascinados por todas as culturas. Agimos como esponjas quando vamos para um país em que nunca estivemos. Mergulhamos de corpo e alma em cada experiência. Acreditamos que os sorrisos são universais e não importa a língua falada, podemos ver as histórias das pessoas através de um sorriso.

Aprendemos a não deixar que pequenos aborrecimentos, adversidades e desventuras estraguem nossos dias. Acreditamos que temos a escolha de sofrer quando problemas surgem em nosso caminho, ou de simplesmente aceitar. Nós aprendemos a aceitar. Nós não temos medo de problemas vindo em nossa direção, mesmo viajando sozinhos a maior parte do tempo. Aprendemos a enfrentar nossos medos e a passar por cima deles, para seguir nossos dias com coragem. Não importa o que as pessoas projetem sobre nós, sorrimos e vamos em frente. Aprendemos que, nos mantendo ensolarados e deixando nossa luz brilhar, não veremos as sombras.

Vamos para onde quer que o próximo nascer ou pôr-do-sol nos leve. Somos guiados por ciclos da lua e poeira estelar. Nós olhamos o céu da noite, olhamos para o cosmos, e sabemos que onde quer que estejamos e quem quer que esteja faltando, nunca estamos realmente sozinhos. E o fato de saber disso nos conforta.

Nós dedicamos nossos corações à estrada. Mesmo quando não estamos nela, estamos trabalhando para guardar para a nossa próxima viagem, e cada vez que ouvimos um avião, olhamos para cima, damos um sorriso e nos imaginamos nele. Sabemos que esse dia está chegando e nos alimentamos desse pensamento. Percorremos a seção de viagem nas livrarias, escolhendo guias de cidades e folheando as páginas enquanto sonhamos com as próximas viagens. Nossas mentes constantemente viajam para o próximo destino na lista. Nossa fome de rodar o mundo é insaciável: mesmo quando achamos que ela está mais fraca, não demora muito a aparecer de novo. Temos fome de estrada o tempo todo.

Nós  não viajamos só por viajar, viajamos para evoluir. Abraçando novas experiências, infinitamente mudando os horizontes, e vendo cada novo dia como uma forma de viver. Vivemos por aeroportos, aviões, ônibus, barcos, trens, pela estrada. Encontramos iluminação no borrão dos lugares que passam quando olhamos pela janela. Essa é e sempre será a nossa casa. 

Estas são as histórias que vamos contar às pessoas, àqueles que amamos, aos que acabamos de conhecer, àqueles que vêm e vão, aos estranhos. Vamos continuar mostrando aos outros que nascemos viajantes, que o desejo de viajar faz parte de cada um de nós. E que não importa quem somos, onde estamos, o que fazemos e o que temos, vamos sempre optar por seguir esse desejo.

Não estamos dizendo que você deve desistir de tudo em sua vida agora, comprar uma passagem e arrumar a mochila, apesar de você poder fazer isso se ​​realmente sentir que deve. Estamos dizendo que quando você optar por se desfazer de anos de bagagem desnecessária, vai encontrar a liberdade. Não estamos dizendo que você deve assumir o risco e saltar, que tudo dará certo. Não é assim. Mas o que estamos dizendo é que você deve se permitir ser livre. Você deve se permitir ficar à margem da vida, e mergulhar em sua ambiguidade sedutora. Mesmo que isso signifique enfrentar seus medos. Mesmo que isso signifique fazer sacrifícios. Mesmo que isso signifique abrir mão de coisas que te fizeram sentir seguro por tanto tempo. Mesmo que isso signifique ter que abrir mão de pessoas que você ama. Mesmo que tudo isso te aterrorize. Nós estamos dizendo para você se abrir para o mundo. Abrace todo o seu valor. Deixe os ensinamentos do mundo fazerem parte de você.

Quando você fizer isso, todas as suas camadas irão descascar e você vai descobrir o seu verdadeiro eu.

E então aqui está a verdade. Nós viajamos não só para viajar e nos maravilhar com as pessoas, lugares, coisas. Não é só isso. Para nós, nunca foi só por isso. Viajamos para aprender, experimentar e sentir todos os espectros de ser humano neste mundo.

Um dia, quando estivermos velhos, com cabelos brancos, sardas e rugas, resultados de muitos anos de peregrinação no sol, os filhos dos nossos filhos vão deitar com a gente sob a luz da lua e das estrelas nas areias de uma praia em algum lugar. Vamos contar histórias de aventuras selvagens, de sonhos vividos, de lugares mágicos, de medos enfrentados, de lições aprendidas na estrada, histórias de uma vida vivida. Nossas jornadas vão inspirar as deles. 

Porque nossa jornada é a nossa verdade. É a verdade que nos ilumina enquanto  caminhamos na estrada, nossa casa.”

Texto e fotos de autoria de Stephanie Dandan, originalmente publicado com o título The Truth About Travelers no blog Infinite Satori e livremente traduzido por nós, por representar o que sentimos sobre a alegria de viajar. 🙂

A Verdade sobre Viajadores: viajador contemplando a natureza

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