Uma das coisas pelas quais Buenos Aires é famosa é a culinária, com muitos chefs e restaurantes renomados. Uma grande atração são as refeições em etapas: a ideia é sentar com calma e ir provando vários pratos – de 7 a 16 no total, dependendo do lugar, geralmente com o tipo de vinho indicado para cada um. Isso era algo de que já tínhamos ouvido falar e ficamos com vontade de experimentar, então pedimos ao pessoal do hotel para nos indicar um restaurante que fosse bom, bem localizado e com um preço decente para fazermos essa experiência glutônica.
Ficamos sabendo, então, do Hernan Gipponi, restaurante do Hotel Fierro, em Palermo Soho. Já era meio tarde e o lugar estava lotado, então só conseguimos uma reserva para 22h, bem tarde para começar uma refeição tão demorada. E pra piorar, resolvemos “tomar um vinhozinho” no nosso hotel para matar o tempo até a hora de ir. Foi assim que descemos duas garrafas e fomos parar no restaurante já bem mais pra lá do que pra cá e sentindo a fome de 13 cachorros de rua.
Hernan Gipponi: O restaurante
O lugar era pequeno e fofo, com uma decoração bonitinha e só umas dez mesas (daí a necessidade de reservar). Sentamos em uma logo na entrada e o maitre, Juan, muito simpático, imediatamente veio falar conosco e nos passar a carta de vinhos. A refeição que eles ofereciam era de 7 pratos e no cardápio tinha a descrição de cada um: “bla bla fondant verts au bla bla bla”, ou seja, sei lá o que era, mas a fome era tanta que nem prestei atenção, até porque, não temos nenhuma frescura com comida, o que vier a gente traça.
O primeiro prato demorou um século pra vir, e era muito gostoso, com um ovinho pochê por cima e crocante por baixo, muito bom. O segundo era esse com uma coisa parecida com grão de bico da foto, uma delícia. O terceiro também era bem gostoso, apesar da foto.

Dos outros quatro pratos, só tenho uma vaga lembrança, porque demorava tanto tempo entre um e outro que a gente foi ficando (mais) bêbado ao longo do jantar. Lá pelo sexto prato e um intervalo gigante de tempo entre um e outro, a gente já estava (literalmente) dormitando na mesa quando o garçom nos acordou pra comer a pior sobremesa da minha vida: uma torrada com uma fatia de um queijo muito ruim, meio morango e um pingo de uma coisa parecida com geleia. É sério mesmo que isso é a sobremesa de um restaurante renomado? Hum…

Conclusão
Foi caro e, se não fosse pelas duas cestinhas de pão que eles trouxeram, a gente ainda teria saído de lá com fome. Só que também, somos casos de gula à parte, então, talvez para pessoas normais, a comida teria sido suficiente. Mas a demora entre um prato e outro é de lascar, você tem que ir preparado para ficar umas quatro horas sentado no restaurante bebericando vinho, eu não tenho paciência para isso (imagina a refeição de 16 pratos então? Cruzes!). É claro que o fato de a gente ter ido pra lá já meio bêbados e tarde da noite também não ajudou, claro, quando saímos já eram umas duas da manhã. O ideal, imagino, é chegar lá por volta das 19h, sem ter bebido nada e sem muita fome.
Se você é do tipo que aprecia mais qualidade do que quantidade e dá valor a pratos sofisticados e com nomes estranhos, vale a pena ir. O serviço é muito bom e as pessoas são bem simpáticas, além de o hotel ficar em uma boa localização e ter um preço melhor do que os outros restaurantes de lá com degustações desse tipo (nós pesquisamos). Eu, particularmente, acho que qualquer esquina de Buenos Aires tem restaurantes com comida portenha deliciosa a bons preços, então não existe a necessidade de se gastar bem mais pra passar horas fazendo degustação de comida chique com nomes franceses quando se tem tantas outras opções locais. Mas aí, claro, vai do gosto de cada um, afinal, não deixa de ser um programa diferente e, na opinião do senso comum, até romântico, né?

(OBS: Não tenho fotos boas do restaurante nem da gente por motivos etílicos óbvios)
Onde:
Restaurante Hernan Gipponi – Hotel Fierro
Rua Soler, 5862 – Palermo Soho
+54 11 3220-6820